Corrimentos Vaginais...
Muitas de nós têm dúvidas a respeito das secreções que podem sair da vagina.
Corrimento vaginal é um dos mais comuns e mais incômodos problemas que
afeta a saúde da mulher e é uma das causas mais freqüentes de visita ao
médico ginecologista e ocorre em cerca de 1/3 das mulheres pelo menos
uma vez na vida.
Só para esclarecer, a vagina não é seca! E se fosse, traria grande desconforto no local.
O que precisamos aprender é diferenciar o que é a secreção habitual, fisiológica ou natural, do famoso corrimento.
A secreção vaginal normal é clara, fluida e sem cheiro. Formada pela
descamação celular da parede do canal da vagina, influenciada pelos
hormônios femininos, além de produtos produzidos pela flora bacteriana
local habitual. Sua quantidade varia durante o ciclo menstrual. Assim
que acabamos de menstruar, ela é bem fluida e transparente e em pequena
quantidade, próximo à ovulação o corrimento é mais viscoso e em maior
quantidade- parecendo com uma clara de ovo, e quando estamos perto de
menstruar novamente, ele é branquinho levemente espesso e quando seca,
esfarela na calcinha.
Também temos uma secreção vaginal aumentada e normal no período de excitação sexual que antecede as relações sexuais.
Quando a criança está entrando na adolescência, e inicia o
desenvolvimento dos caracteres sexuais, os ovários começam a ser
estimulados a funcionar para que a menstruação ou a ovulação comece a
acontecer e essa produção de hormônios femininos influencia o epitélio
da vagina que passa a produzir essa secreção fisiológica, e muitas vezes
este fato leva a preocupação materna, com medo que ela possa ter
adquirido alguma doença.
Corrimento vaginal, ou leucorréia, é
definido como a presença de uma secreção aumentada na vagina com
características diferentes da normal, isto é, com odor, coceira,
irritação local, irritação na pele do parceiro, ou simplesmente, um
volume muito grande de fluido vaginal que chega a incomodar.
Freqüentemente ocorre quando há desequilíbrio entre os diferentes
microorganismos que habitualmente se encontram na vagina e no períneo
causando uma inflamação. Geralmente está associado a sintomas e também
há casos em que pode levar a dor durante as relações sexuais. Mas é
importante lembrar que o fato de estar com corrimento anormal NÃO quer
dizer que contraímos uma doença sexualmente transmissível.
Há
alguns fatores que podem facilitar o aparecimento de corrimento anormal.
O meio vaginal normal tem uma acidez própria (ácido láctico) produzida
pelos lactobacillos que são bactérias que colonizam normalmente a vagina
constituindo o que chamamos de flora vaginal, que serve para manter o
equilíbrio entre a vagina e o meio externo. A alteração deste equilíbrio
ou a entrada de microrganismos estranhos seja por contágio sexual ou
por outras bactérias não próprias da vagina, como intestinais, por
exemplo,leva à inflamação da vagina com alteração das suas secreções
normais.Os principais fatores que podem alterar o equilíbrio da flora
vaginal porque podem diminuir a sobrevida dos lactobacilos e mudar o ph
vaginal são:
stress, freqüência de relações sexuais, antibióticos,
uso de anticoncepcionais hormonais, uso de roupas apertadas e com
tecidos sintéticos,alterações hormonais do ciclo menstrual, da gravidez e
da menopausa, higiene inadequada, alergias,hábitos alimentares
inadequados.
Para prevenção, use sabonete neutro ou produtos
apropriados para a higiene da região genital. Evite os sabonetes comuns e
os que contêm cremes hidratantes. Esses são ótimos para a pele, mas
péssimos para a vagina. Pode-se ter dois sabonetes, um para as mucosas,
outro para o resto do corpo
As causas mais freqüentes de corrimentos infecciosos são :
•a vaginose bacteriana ( disfunção da flora normal, provocada pela bactéria Gardnerella, tem um cheiro característico),
•a candidíase( os fungos proliferam em situações favoráveis, causando muita coceira local)
•a trichomoníase( é transmitida por contato sexual e pode causar algum prurido).
Quando o corrimento alterado provém de uma infecção do colo do útero
(cervicite) Temos que pensar também em gonorréia e a infecção por
clamydia.
O corrimento aumentado também pode ser um sinal
inespecífico de alerta para rastrearmos a infecção pelo HPV( vírus que
pode levar ao câncer de colo uterino)
Por isso a presença de
corrimento anormal requer que se peça o exame de Papanicolau, um exame
de prevenção contra o câncer ginecológico.
É bom esclarecer que
nos, casos de corrimentos vaginais, o diagnóstico clínico tem muito
valor. Portanto, uma visita ao ginecologista é indispensável. Nem sempre
exames de laboratório negativos significam ausência de problemas.
Existem corrimentos crônicos causados por fatores irritantes como papel
higiênico colorido e perfumado e sabão em pó e amaciante de
roupas.Corrimentos por excesso de lactobacilos ( com sintomas
semelhantes ao da candidíase), por alterações hormonais como na gravidez
e menopausa (com prurido por atrofia), e corrimentos por alergias,que
são exemplos de causas comuns não infecciosas e que a própria mulher,
nestes casos, precisa identificar o fator irritativo.
O tratamento
correto depende da causa do corrimento. Quando se trata de corrimento
crônico, o simples tratamento muitas vezes não será suficiente para
evitar a recidiva/recorrência (retorno do corrimento), haverá
necessidade da colaboração da mulher que será quem vai "descobrir" a
causa dos mesmos fazendo uma investigação em seus hábitos.
Da mesma
maneira, o tratamento nem sempre será apenas com remédios, mas também
vai requerer mudança de hábitos, de roupas e ajuda do parceiro. Em
alguns casos, os medicamentos podem até piorar os sintomas, mas se a
indicação estiver correta, o resultado final será satisfatório.
Entretanto, em alguns corrimentos é imprescindível o tratamento do parceiro para evitar a possibilidade de reinfecção.
Seu médico ginecologista é seu aliado para manter a saúde dos seus
órgãos genitais. Evite a automedicação, pois, além dos medicamentos
serem caros, têm efeitos colaterais. A automedicação é uma das
principais causas dos corrimentos crônicos.
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